"Pobreza pega. Pega. Pega como sarna. Pega como um vírus. Entra pela pele, pela respiração. Eu controlo a minha respiração. Eu prendo meu ar sem querer. Sem querer. Não toco em nada pra não me contagiar. Nada. Nos biscoitinhos. Os biscoitinhos daquela pobre diaba daquela empregada. São letais. Letais. Resistentes a qualquer antídoto. Eu não sei como não morri. E a minha doce bisneta tão frágil, tão delicada come aquilo. Come aquilo." (Bia Falcão - Belíssima 2005)

Sonho com meus sonhos. Sonho o inesquecível e sonho o impossível. Sonho em estar sozinha quando estiver no topo da minha vida, para poder falar que não preciso de ninguém pra ser feliz. Ninguém. Sonhava. Sonhava com o desejo absurdamente grande de um dia poder provar que a minha felicidade sempre dependeu de ninguém mais além de mim. Sonhava. Meus planos mudaram de repente... Ninguém me avisou que minhas ideias mudariam. Ninguém me deu a opção de escolher se eu realmente queria que os meus planos mudassem. Mas mudaram. Alguém mudou meus planos. Alguém apareceu na minha vida e fez com que tudo deixasse de ser importante. Fez com que eu deixasse de me importar com as minhas ideias, minhas vontades, meus jogos, meus planos e vinganças, porque de repente nada disso importava mais. Nada disso importa mais. Isso não é mais um sonho. Eu não sei pra onde estou indo, mas sei que agora, finalmente, eu estou indo. Acho que sei porque nunca me perguntaram se eu queria tudo no lixo em troca de alguns momentos maravilhosos. Talvez nunca tenham perguntado porque sabiam que eu diria que sim. Sonhava em ser feliz sozinha. Sonho em realizar meus novos sonhos com você. Nossos novos sonhos.

Fugir. Passei tanto tempo fugindo desse caos, fugindo de tudo o que pudesse fazer o lado escuro da minha balança pesar mais, fugindo de más intenções e fugindo da obrigação de confrontá-las. Passei tanto tempo pensando que era a pessoa mais covarde do mundo por não arriscar, por medo de cometer os mesmos erros. Demorei demais para entender que quanto maior pensamos ser nossa covardia, menor é nosso conhecimento sobre nós mesmos. Meu medo de errar não me torna mais fraca ou mais covarde do que você. Minha fuga nunca significou meu fracasso. Eu parei de fugir das tentativas, parei de fugir das opções, mas não por ter decidido deixar de ser covarde. Parei de fugir porque estou cansada, porque eu já cansei de tudo isso. Cansei. Eu não tenho medo de ser covarde, tenho medo de me importar com isso. No momento eu preciso descansar, preciso de um tempo para não me importar e venho fazendo isso muito, muito bem. Eu não me importo mais. Não me importo mais em fugir e não me importaria mais se estivesse ainda fugindo. Fugir do medo não te torna fraco. Não querer sentir dor não faz de você um covarde. Faz de você humano. Exatamente como todos os outros. Mas por enquanto.. Por enquanto eu realmente não me importo.

"O amor não é para palavrinhas ridículas, é para grandes atitudes. O amor está nas faixas levadas pelos aviões, nos pedidos de casamento em painéis eletrônicos, nas palavras gigantes escritas no céu. Amar é fazer um esforço extra, mesmo que doa. É se despir por inteiro. É achar uma coragem que você nem desconfiava que tinha!"
"- Rosemary, eu te amo. Desculpe, mas te amo como nunca ninguém já amou. Eu te amo, eu te amo, eu te amo. Você... acha... que pode querer me amar também?"
"Viu? É exatamente como eu disse. Eu já sabia disso quando me meti nessa confusão. O amor acaba."
"O amor é um negócio feio e terrível, praticado por tolos. Vai estraçalhar seu coração e te deixar sangrando no chão. E o que você ganha com isso no final? Nada além de algumas lembranças maravilhosas das quais você nunca esquecerá."
"A verdade é que haverá outras garotas. Digo, eu espero. Mas eu nunca terei outro primeiro amor. Ela sempre será o meu primeiro amor."

ABC DO AMOR

Vamos começar do zero. Quero que meus dias tenham começo, meio e fim. Não vou mais deixar nada do que aconteceu ontem interferir nas minhas decisões de hoje. Decidi tornar irrelevante qualquer coisa em minha vida a partir do momento em que começa a fazer parte do meu passado. Se algo foi muito ruim, não quero mais ter medo, já passou. Se algo foi bom, o máximo que vou ganhar é um pacote enorme de saudade e algumas lembranças maravilhosas. Perdi tanto tempo de minha vida presa em coisas passadas, tentando fazer com que meu presente se igualasse à tudo aquilo. Que bobagem. Quero nunca mais poder comparar nada ao meu passado, porque as coisas são diferentes e, feliz ou infelizmente, é impossível tornar uma época de nossas vidas igual a outra. Essa é a graça da vida, ter desafios, mudanças, e ainda assim tornar tudo uma nova experiência, um novo aprendizado. Me chamem de fria, mas lembranças são apenas coisas guardadas que com o tempo acabam juntando poeira. Quero me livrar disso tudo. Sempre gostei de ter lembranças guardadas dentro de mim, até o momento em que elas começaram a afetar coisas que ainda nem tinham acontecido. Quando isso acontece, é sinal de que há coisas demais guardadas. Me chamem de insensível, mas eu só não quero passar o resto da vida conjugando verbos no passado. Poeira me faz espirrar e eu não gosto de espirrar. Ontem eu já pensei em ontem. Vamos pensar em hoje. Vamos começar do zero.

Acho engraçado como as coisas voltam, como tudo muda mas sempre volta. A moda volta, as cores voltam, os sentimentos voltam, as pessoas voltam. Engraçado como tudo volta trazendo alguma consequência ou arrependimento... As coisas voltam de uma forma tão bizarra, tão estranha, porque por mais que elas voltem, nunca vão ser exatamente como costumavam ser, sempre vão ter uma falha, ou talvez até uma melhora. Aprendi recentemente a parar de sofrer quando as coisas terminam, ou pelo menos a não sofrer tanto. Como pude ser tão pouco inteligente a ponto de nunca ter reparado que tudo o que eu pensava ter tido fim, na verdade só estava distante, e hoje estão por perto de novo? A maioria com algumas mudanças e na verdade muitas foram bastante melhoradas. Coisas, pessoas e sentimentos que eu pensava ter perdido no tempo estão a minha volta de novo, de formas diferentes, mas estão por aí, perdidos, e eu nunca tinha percebido. Os que ainda não tinham voltado estavam escondidos, esperando o momento certo para aparecer, e eu nem se quer pensei em procurá-los. Os sentimentos... Eles nunca acabam, eles apenas se mudam por um tempo e depois voltam, talvez se manifestando de outras formas, mas estão sempre por aí. Sempre por perto. Abra seus olhos.

Sempre acreditei que os problemas de cada pessoa estavam diretamente ligados com a capacidade que elas têm para superá-los ou, no mínimo, aguentá-los. Se o maior problema que você tem na vida é não poder pintar o cabelo, acredito que você seja o tipo de pessoa que não aguentaria nada maior do que isso. Um grande inútil da sociedade. Se você nasceu sem uma perna, com certeza você é uma das pessoas mais fortes que eu conheço. Não importa qual seja o seu problema, o que realmente importa é a forma como você o encara. Sempre haverá alguém com alguma coisa mais pesada, mais difícil de carregar. Sempre. Talvez não poder pintar o cabelo seja uma tortura na sua vida, mas imagine se você tivesse que fazer quimioterapia e seu cabelo caísse inteiro! Isso seria pior. Talvez não ter uma perna seja a pior coisa do mundo, mas imagine se você tivesse as duas pernas e os dois braços e não pudesse mexer nenhum dos quatro! Pois é. As pessoas precisam aprender a lidar com seus problemas, porque a verdade é que tudo poderia ser pior, mas não é, então busque a solução e pare de esperar que ela comece a te procurar, porque ela não vai. Estamos falando da vida, e ela não é assim tão fácil.